“Não é que eu tenha total confiança de que os cientistas estão certos, é que tenho absoluta certeza de que os não-cientistas estão errados.”







____________________________________________________________________Isaac Asimov.













"A ignorância gera confiança com mais frequência do que o conhecimento: são aqueles que sabem pouco, e não aqueles que sabem muito, que tão positivamente afirmam que esse ou aquele problema jamais será resolvido pela ciência."



"Se o mistério da pobreza não for causado pelas leis da natureza, mas pelas nossas instituições, grande é o nosso delito. "





______________________________________________________________________________Charles Darwin.





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"Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós."





"Nós podemos comparar (a situação palestina) com o que aconteceu em Auschwitz."





"Mas então ninguém percebe que matar em nome de Deus é fazer de Deus um assassino?"





________________________________________________________________José Saramago.




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COSMOLÓGICA - A MATÉRIA HUMANA FORJADA NO CALOR DAS FORNALHAS ESTELARES DISTANTES!

Cosmológica

Sagan.


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"A História está repleta de pessoas que, como resultado do medo, ou por ignorância, ou por cobiça de poder, destruiram conhecimentos de imensurável valor que em verdade perteciam a todos nós. Nós não devemos deixar isso acontecer de novo."




_______________________________________________________________________________Carl Sagan.





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terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Pensamento de Carl Sagan.

Carl Edward Sagan (Nova Iorque, 9 de novembro de 1934 - Seattle, 20 de dezembro de 1996). Astrônomo e Biólogo norte-americano. Consultor e conselheiro da NASA (decáda de 1950); Prêmio Pulitzer por "Dragões do Eden" (1978);Ficou conhecido mundialmente por apresentar a serie de TV "Cosmos" (1980, em 13 capítulos).



  • "Mesmo num exame superficial da História revela que nós, seres humanos, temos uma triste tendência para cometer os mesmos erros repetidas vezes. Temos medo dos desconhecidos ou de qualquer pessoa que seja um pouco diferente de nós. Quando ficamos assustados, começamos a ser agressivos para as pessoas que nos rodeiam. Temos botões de fácil acesso que, quando carregamos neles, libertam emoções poderosas. Podemos ser manipulados até extremos de insensatez por políticos espertos. Dêem-nos o tipo de chefe certo e, tal como o mais sugestionável paciente do terapeuta pela hipnose, faremos de bom grado quase tudo o que ele quer - mesmo coisas que sabemos serem erradas."
                  - Fonte: livro O Mundo Assombrado por Demônios.  
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  • "Na ciência é bem comum um cientista dizer, Quer saber, seu argumento é realmente bom; minha posição estava errada, e então eles realmente irão mudar de opinião e nunca mais irão voltar na antiga novamente. Eles realmente fazem isso."
 
- Keynote address at CSICOP conference, 1987
 

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  • "Em toda e qualquer cultura, imaginamos o Universo governado por algo parecido com nosso próprio sistema político. Poucos acham a similaridade suspeita".
                   - Fonte: livro Pálido Ponto Azul.


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  • "Para mim, é muito melhor compreender o universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa parecer."
               - "O mundo assombrado pelos demônios", editora Companhia das Letras, p. 27






  • "Ausência de evidência não é evidência de ausência."
                  - Fonte: livro O Mundo Assombrado por Demônios







  • "Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias."

      - citado em "Manchete", Edições 2309-2317 - página 128, Block Editores, 1996





  • "Na vastidão do espaço e na imensidade do tempo, é uma alegria eu poder partilhar um planeta e uma época com Annie".

              - Dedicatória a esposa no livro Cosmos.





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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Agenda-setting - 2ª parte.

Do blog: DILACERADO.

 

sexta-feira, 12 de setembro de 2008


O AGENDA-SETTING

Com a utilização dos conceitos da hipótese de agenda-setting, este texto busca mostrar como a mídia tem sido responsável pelo fluxo de informações em nossa sociedade, podendo influenciar sobremaneira a formação da opinião pública, seja favorável ou desfavorável, em relação à pessoas, grupos e organizações.Com relação à mídia na sociedade moderna, pode-se evidenciar alguns fatos:
  • a mídia representa um fluxo constante de notícias;
  • um grande número de pessoas depende dos meios de comunicação para a obtenção de informações gerais;
  • a indústria da notícia tem mais interesse em alguns acontecimentos em detrimento de outros, ou seja, existe uma seleção de informações feita pelos meios;
  • e, principalmente, existe um fluxo de informações seletivas e, muitas vezes distorcidas, entre a mídia e o público, induzindo quem as recebe sobre "o que" pensar.
Até chegarem à Teoria da Agenda, os estudiosos da mídia e sua audiência não tinham presente que a repetida exposição da comunicação em massa podia influenciar as pessoas em sua ações ou suas crenças.Tampouco sabiam como estudar o fenômeno de que a imprensa impõe que tópicos sejam agendados, e que despertem interesse entre as pessoas.

O primeiro extenso e organizado estudo sobre a hipótese de agendamento da mídia foi desenvolvido por Maxwell McCombs e Donald Shaw, realizado na campanha presidencial de 1968 dos Estados Unidos (Hubert Humphrey versus Richard Nixon)Na análise dos resultados, ficou evidenciada a função de agendamento da mídia. Os meios não haviam indicado o quê os eleitores deveriam pensar sobre os tópicos, mas sim em quais tópicos deveriam pensar e quais os que tiveram maior ênfase por parte dos candidatos. Conforme a ordem de importância dos tópicos, os eleitores os adotaram como sendo sua própria ordem de preferência.Apesar das limitações metodológicas deste estudo, pode ser detectada base suficiente para a hipótese de que foi encontrado algum tipo de efeito de agenda.

Em 1977, foi editado um livro, baseado em estudos experimentais, que buscou formular dados sistemáticos e extensos sobre a hipótese do agendamento. Nesse estudo, publicado por Shaw, McCombs e sua equipe de estudiosos, os objetivos principais foram:
  • definir o conceito de agenda-setting;
  • averiguar o papel da comunicação interpessoal no processo;
  • acompanhar a seqüência no tempo como variável principal;
  • levantar as características principais dos eleitores - tipos de pessoas e influências;
  • determinar qual a importância do agendamento no processo político americano.
Inúmeras análises e constatações desses estudos possibilitaram um maior entendimento do processo da hipótese da agenda-setting. Os argumentos básicos da teoria assentam seus pilares sobre o princípio de que:

a) o receptor não é passivo como se costumava supor. Ainda que de maneira geral a iniciativa do processo de comunicação parta do emissor, a comunicação é bidimensional, assimétrica;
b) a comunicação se efetua individualmente, apesar do processo ser coletivo e social;
c) o emissor, ao formular uma mensagem, é conduzido por um objetivo;
Conforme a Teoria do Agendamento, a mídia força a atenção das pessoas sobre certas questões, ou seja, sugere "no que" elas devem pensar.

Mauro Wolf, em seu livro Teorias da Comunicação, ressalta que a hipótese não defende que a mídia pretenda persuadir, mas sim que ela apresenta aos leitores, ouvintes ou telespectadores uma lista de temas sobre os quais devam ter opinião e discutir. A mídia, de acordo com a hipótese, não diz o quê as pessoas devem pensar, mas sim, sobre o quê.

A hipótese de agenda-setting realça a diversidade existente entre a quantidade de informações, conhecimentos e interpretações da realidade social, apreendidos através da mídia, e as experiências em "primeira mão", pessoal e diretamente vividas pelos indivíduos. Como explica Grossi, apud Wolf (p.129), nas sociedades industriais de capitalismo desenvolvido, em virtude da diferenciação e da complexidade sociais e, também, em virtude do papel central dos mass media, foi aumentando a existência de fatias e de "pacotes" de realidade que os indivíduos não vivem diretamente nem definem interativamente a nível de vida quotidiana, mas que "vivem" exclusivamente, em função ou através da mediação simbólica dos meios de comunicação de massa.

A hipótese de agenda-setting considera que, em uma sociedade complexa de características urbanas, o fato chega sempre mediado (em segunda mão) e o público tem dependência da mídia para ter contato com a informação. Não é uma hipótese de conteúdo (como se pensa), é de abrangência (sobre o que se pensa) pela repetição direta ou indireta. Trabalha com o problema da cognição e não do sentimento. O que interessa são atitudes e comportamentos gerados pelo agendamento. E, neste caso, tanto a mídia como o público são vistos como agentes ativos (têm autonomia e iniciativa).

A Teoria da Agenda apresenta três fenômenos: acumulação, consonância e continuidade.

a) Acumulação: através da variação do enfoque conferido à matéria ou ao tema, a mídia sustenta a capacidade de manter em relevância determinados tópicos. Aqui se observa o chamado "efeito de enciclopédia", que significa um agrupamento de informações ao longo do tempo;
b) Consonância: a mesma informação passa por diferentes mídias que, embora distintas na sua estrutura, são semelhantes entre si e, pela maneira como se relacionam, promovem resultados junto ao público. A mídia impressa dá relevo à contextualização e, no caso de agenda, assume maior importância que a mídia eletrônica. De um modo geral, as pessoas não têm acesso a todas as informações; assim, a agenda do público é construída a partir de um número e outros tantos recortes sobre o tema ou temas paralelos, que vão articulando os assuntos entre si. A coincidência perceptível entre a agenda da mídia e a do receptor consiste no fato sobre o que pensar, com o que se preocupar e a respeito de como pensar. Essas coincidências, além de apresentarem consonância, contam ainda com a onipresença e a acumulação. Assim, pode-se dizer que a inclusão de preocupações é o objetivo da mídia, muito mais que de conteúdo.
c) Onipresença ou continuidade no fluxo informacional: assegurada pela relevância caracterizada pelo fato novo, pela variabilidade. De acordo com a Teoria da Agenda, o tema tem necessariamente de ser rico, com muitos temas subjacentes, podendo então extravasar os campos naturais da notícia.
Conforme SHAW (1979) os mass media fornecem algo mais que um certo número de notícias. Fornecem igualmente as categorias em que os destinatários podem, sem dificuldades e de uma forma simplificada, colocar estas notícias.Sobre os destinatários, a hipótese se configura segundo dois níveis:
a) Ordem do dia (temas, assuntos e problemas na agenda dos mass media);
b) Hierarquia de importância e de prioridades desses elementos na ordem do dia.Com relação ao poder de agenda dos vários meios, a hipótese salienta algumas diferenças. Os diversos mass media têm capacidade diferenciada no estabelecimento da ordem do dia dos assuntos publicamente importantes.

Existe um poder de influência diverso entre a imprensa e a TV. Em função da televisão trabalhar com informações e cenas breves, rápidas e fragmentárias num período de tempo limitado, ela parece ser um meio menos influente do que a informação escrita, que fornece aos leitores uma indicação de influência sólida e clara, podendo assinalar a diferente importância dos temas apresentados.

A redução do consenso evidenciado pela mídia tem relação com as diferenças básicas entre jornais, televisão e revistas de notícias: Jornais - têm tiragens diárias, muito espaço e possibilidade de trabalhar a memória do fato;Televisão - diária, com espaço restrito; sua função principal é referenciar e contextualizar fatos imediatos;Rádio - permite a simultaneidade da informação;Revistas - semanais, quinzenais ou mensais; se, por um lado, perdem em atualidade, por outro lado, ganham muito em detalhamento e, com isso, revelam o fato, enriquecendo-o.

Conforme McCOMBS (1976), o caráter fundamental da agenda parece, freqüentemente, ser estruturado pelos jornais, ao passo que a televisão reordena ou ressistematiza os temas principais da agenda.Entre as várias categorias existentes na hipótese, pode-se destacar três tipos de agenda do público:

a) A agenda intrapessoal - importância pessoal atribuída a uma questão pelo próprio receptor;
b) A agenda interpessoal - temas que são falados ou discutidos com outras pessoas;
c) A percepção - que um sujeito tem do estado de opinião pública, ou o que ele pensa da importância que outros atribuem ao assunto.

O processo de construção da agenda se compõe por algumas fases:

1) Focalização: relevo que a mídia dá a um acontecimento, um tema, uma personalidade, etc., passando assim para o primeiro plano;
2) Framing: enquadramento, imposição de um quadro interpretativo aos temas intensivamente cobertos;
3) Ligação: associação do tema com outros fatos, tornando-os parte de um panorama social e político reconhecido;
4) Peso: atuação de porta-vozes na busca de atenção da mídia em torno do assunto.

A formulação da realidade política está cada vez mais condicionada pela conduta, postura, atitudes e tendências dos editores, repórteres e apresentadores dos veículos de comunicação. Através destes profissionais, os eleitores são levados a relacionar fatos e informações, a assumir determinadas posições frente a diversos assuntos.

A informação encontrada na mídia é, muitas vezes, a única forma de contato do eleitor com a política. A decisão de voto encontra-se, assim, em meio ao espetáculo da notícia.A grande maioria das pessoas adquire a informação política sem grande esforço, muito embora o seu perfil sócio-econômico e cultural seja bem diversificado.

O processo de agendamento parte do princípio de que a mídia primeiro aponta, esclarecendo fatos, episódios e eventos, conferindo-lhes tratamentos diferenciados de cobertura para atrair atenção. O passo seguinte é editorar o objeto enfocado, demonstrando e caracterizando o problema. A mídia, nesse momento, pode flexibilizar os aspectos mais sérios das questões.

A seguir, ela trata de unir o objeto do enfoque a outros significados, contextualizando-o de acordo com seus propósitos, e identificando-o ao meio político em que ocorre. A mídia, ao se servir da dramatização, cria espaços para os "atores políticos", os bons retóricos, os que se destacam num cenário repleto de figurantes. 

Aqueles mais habilidosos, mais preparados e desprovidos de receios perante declarações ou aparições públicas, ampliam, sem dúvida, os efeitos no comando da mídia.
Bibliografia

BELTRÃO, Luiz. Jornalismo interpretativo: filosofia e técnica. 2. ed., Porto Alegre : Sulina, 1980.
BELTRÃO, Luiz. Processo da Comunicação. In.: SILVA, Roberto P. de Queiroz (Coord.). Temas Básicos em Comunicação. Revista da INTERCOM, São Paulo : Paulinas, 1983.
DÍAZ BORDENAVE, Juan E. Além dos Meios e Mensagens: Introdução à Comunicação como processo, tecnologia, sistema e ciência. 3. ed., Rio de Janeiro : Vozes, 1983.
LOPES, Boarnerges. O que é Assessoria de Imprensa. São Paulo: Brasiliense, 1994.
RIBEIRO, Carlos Reinaldo Mendes. A Empresa Imortal. Petrópolis : Vozes, 1995.
RUBIM, Antonio Albino Canelas (org.) Idade Mídia. Salvador, Edufba, 1995, p.147-163.
RUDIGER, Francisco Ricardo. Tendências do Jornalismo. 2. ed. Porto Alegre : Universidade/UFRGS, 1998.

A História da Ciência (capítulo 06/06).

The Story Of Science (Legendado). Charpter 06/06:



Série da BBC que mostra como a evolução do conhecimento científico está intimamente relacionada ao caminho histórico da sociedade.

Apresentada pelo jornalista e produtor inglês Michael J. Mosley.

Morre Irmã Maurina: presa, torturada e exilada durante a Ditadura Militar.

Faleceu no dia 5 de março de 2011, em Araraquara no interior de São Paulo, a Madre Maurina Borges Silveira que foi presa, tortura e exilada pela ditadura militar. Sua história ajudou a mudar a postura da Igreja Católica em relação ao regime e estimulou a militância de religiosos como Dom Paulo Evaristo Arns.


Em outubro de 1969 ela foi levada num camburão para uma delegacia de Ribeirão Preto, onde era a superiora do Lar Santana, um orfanato para meninas. A acusação era acobertar militantes da Frente Armada de Libertação Nacional (FALN), que se reuniam e imprimiam material subversivo no porão da instituição de caridade que dirigia.

Segundo advogado Vanderlei Caixe em entrevista para o jornal A Cidade a religiosa não sabia da motivação política que os reunia no local. “Fazíamos, inclusive eu, parte de um movimento de evangelização. Ela soube de tudo depois que nos prenderam.” Ele fazia parte do grupo e também foi preso.

Após a prisão dos jovens, ela abriu o porão que os cedia e constatou que lá estavam guardados materiais contra o regime. Madre Maurina ordenou, então, que o jardineiro do orfanato queimasse os papéis. “Esse episódio da queima do material chegou até os policiais, que então a prenderam”, conta Caixe.

Madre Maurina foi levada a São Paulo com os demais detidos e torturada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Apanhou e sofreu sucessivas sessões de choques elétricos. m 1970, a freira foi trocada pelo cônsul japonês Nobuo Okuchi, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), e seguiu em exílio para o México.

Ao retornar ao Brasil em 1984, madre Maurina continuou a atuar na vida religiosa em Catanduva, por meio da Ordem dos Franciscanos. Ela teve o mal de Alzheimer diagnosticado em 2010 e começou a perder a memória em novembro, quando foi internada.

Extraído do site de um partido político: PSoL.
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A História da Ciência (capítulo 05/06).

The Story Of Science (Legendado). Charpter 05/06:



Série da BBC que mostra como a evolução do conhecimento científico está intimamente relacionada ao caminho histórico da sociedade.

Apresentada pelo jornalista e produtor inglês Michael J. Mosley.

Perito do laudo falso de Fiel Filho está na ativa.

Ação do Ministério Público Federal quer que agentes envolvidos no assassinato do operário sejam declarados judicialmente responsáveis por violações de direitos humanos.

Por Lúcia Rodrigues

Não são só os torturadores do passado que continuam na ativa. Ernesto Eleutério, perito criminal que lavrou o falso laudo da morte do operário Manoel Fiel Filho declarando que o trabalhador cometera suicídio, também está na ativa. Eleutério é assistente técnico da Diretoria do Instituto de Criminalística de São Paulo, comandada por Carlos do Vale Fontinhas. Desde 2005, o perito cobre férias e licenças dos funcionários do órgão.

A reportagem da Caros Amigos entrou em contato com Eleutério, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, mas ele não quis se pronunciar sobre o caso.
Fiel Filho foi assassinado sob tortura nas dependências do Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), no dia 17 de janeiro de 1976, um dia após ter sido preso na fábrica onde trabalhava. O operário pertencia ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o mesmo partido do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, também assassinado sob tortura no DOICodi paulista, em 25 de outubro de 1975.

O assassinato de Fiel Filho foi a última morte praticada contra presos políticos na
sede do DOI-Codi paulista, localizado na rua Tomás Carvalhal, 1.030, nos fundos da 36ª Delegacia de Polícia. O centro de tortura mais temido pelos ativistas políticos da época funcionava ironicamente no bairro do Paraíso.

Mas os agentes do DOI-Codi ainda fariam mais três vítimas fatais fora dos porões do
regime. Em 16 dezembro de 1976, 11 meses após a morte de Fiel Filho, Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Baptista Franco Drummond, membros do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PC do B) seriam assassinados pelos militares do II Exército, quando participavam de uma reunião do partido em uma casa na Lapa, zona oeste da capital.

O episódio ficou conhecido como o Massacre da Lapa devido às características de execução no crime praticado pelos militares. A residência onde estavam reunidos os dirigentes comunistas foi metralhada, Pomar foi alvejado por aproximadamente 50 disparos.


Reparação

Uma ação ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo, em 2009,
responsabiliza os agentes envolvidos no assassinato e na ocultação da morte do operário.
Eleutério se enquadra no segundo caso. O MPF paulista também quer que os envolvidos
sejam condenados a ressarcir aos cofres públicos o valor pago pela União à família do
trabalhador assassinado sob tortura.

O Ministério Público Federal também pode estar bem perto de elucidar a morte do primeiro desaparecido político da ditadura militar, o comandante da Ação de Liberação Nacional (ALN), Virgílio Gomes da Silva.
A procuradora da República, Eugênia Fávero, conseguiu identificar a quadra onde Virgílio foi enterrado no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. “Estou otimista”, comemora.

Por ser o primeiro desaparecido político do regime, Virgílio não foi enterrado na quadra destinada aos chamados “terroristas”, explica a procuradora. “Essa quadra foi desfigurada em 1975, as sepulturas foram destruídas, os ossos mexidos. Mas ele não está lá.”

Consultando os livros da administração do cemitério, Eugênia conseguiu cruzar os dados que podem levar à identificação de Virgílio. “Fizemos várias diligências ao cemitério e descobrimos que o número da ficha de encaminhamento do IML batia com o número da ficha que os movimentos de direitos humanos tinham levantado como sendo do Virgílio.”

O comandante da ALN foi enterrado como desconhecido, mas o número da ficha de encaminhamento está lá. “O problema é que as quadras de Vila Formosa têm quase duas mil sepulturas. O local é inequívoco, mas se o cadáver ainda está lá, não sabemos. Fizeram muitas exumações irregulares”, afirma.

Ela já notificou a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria
Especial de Direitos Humanos para que sejam contratados arqueólogos, geólogos, antropólogos forenses para fazer o estudo da área onde podem estar os restos mortais do ativista político.



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A História da Ciência (capítulo 04/06).

The Story Of Science (Legendado). Charpter 04/06:



Série da BBC que mostra como a evolução do conhecimento científico está intimamente relacionada ao caminho histórico da sociedade.

Apresentada pelo jornalista e produtor inglês Michael J. Mosley.

Torturadores da ditadura estão impunes.

Vários integrantes dos órgãos de repressão da ditadura militar (1964-1985) ocupam cargos públicos atualmente

 Por Lúcia Rodrigues

O aparato repressivo dos tempos da ditadura militar continua praticamente intacto no Brasil. Nenhum torturador foi punido, os arquivos dos porões do regime não foram abertos, o monitoramento de organizações e ativistas sociais continua e vários torturadores estão na ativa, desempenhando funções na administração pública ligadas à área da segurança pública.


No Ceará, o ex-delegado da Polícia Federal, José Armando da Costa, é o corregedor dos Órgãos de Segurança Pública do Estado. Ele é acusado de torturar presos políticos durante os anos de chumbo. Entre as atribuições do cargo que exerce atualmente está, por exemplo, a responsabilidade pela fiscalização dos casos de tortura praticados pelos policiais cearenses.

Procurado pela reportagem da Caros Amigos, Costa não quis comentar a acusação. Por intermédio de seu chefe de gabinete, o major Juarez, disse que só se manifestaria se a reportagem comparecesse pessoalmente à Corregedoria no Ceará.

O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abraão, revela que o órgão denunciou Costa na Assembleia Legislativa do Ceará, ano passado, quando a Caravana da Anistia esteve no Estado. “Fizemos uma solicitação à Segurança Pública para que houvesse o seu desligamento do cargo.”

A Associação 64-68 de Anistia, entidade de defesa dos direitos humanos, também denunciou o ex-delegado da Polícia Federal pelo crime de tortura, mas ele continua no cargo. Mário Albuquerque, presidente da associação, conta que reencontrou Costa, em 2007, durante um evento na Federação das Indústrias do Ceará.

“Tomei um susto, mas quando a atividade terminou fui conversar com ele. Perguntei se ele tinha trabalhado na Polícia Federal do Ceará e ele desconversou: ‘Isso é coisa do passado’. Eu disse que fora preso político e ele empalideceu.” Em 1977, Albuquerque ficou pendurado em uma grade nas dependências da Polícia Federal do Ceará, das 9h às 16h, na posição de Cristo Redentor.

“Me tiraram dali e me levaram para ser interrogado por ele. O José Armando disse que se eu não falasse me mandava para a tortura novamente. Na época, o atual corregedor era delegado da Polícia Federal.

Vários presos políticos ainda têm receio de conversar sobre o assunto. “Levei 20 anos para conseguir falar sobre isso”, revela o engenheiro Júlio Lima, uma das vítimas de Costa. Preso em 1973, quando trabalhava no Banco do Nordeste, o ativista do PC do B foi torturado pessoalmente pelo atual corregedor dos Órgãos de Segurança Pública do Ceará.

“Eu estava de capuz, mas ouvia a voz dele. Até hoje, eu tenho essa voz na cabeça. O José Armando comandava a tortura. Era o comandante”, enfatiza. “Ele era tão brutal, que às vezes estava dando porrada na gente, parava o interrogatório e ligava para a esposa para dizer que estava fazendo um extra e que ia comer uma pizza.”  Em 2000, Lima reencontrou seu torturador em um restaurante. “Me senti mal, mas mais  tranquilo”, recorda.

As denúncias de ex-presos políticos, da associação de direitos humanos e da própria Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, contra Costa não sensibilizaram o Secretário da Segurança Pública do Ceará, Roberto Monteiro, que decidiu mantê-lo no cargo. “Pediram a sua exoneração, mas eu não exonerei. Não há nenhuma evidência de que seja um torturador da ditadura”, frisa.

O secretário elenca algumas razões para embasar sua decisão. “Nessa época ainda não existia a Lei da Tortura. Não existia o crime de tortura. Se eu colocasse alguém no pau de arara, responderia por lesão corporal.” Ele destaca também que a Lei de Anistia vigente indultou os ex-torturadores. “A anistia atingiu os dois lados, quem praticou sequestros, roubos, mortes e quem perseguiu esses esquerdistas.”

Para Monteiro, como a Lei de Tortura é de 1995, não dá para retroagir no tempo e condenar o ex-delegado pela prática do crime. “Não posso me valer dessa lei para um fato que ocorreu nos anos 70.” Além disso, ele destaca que “toda a pessoa tem direito ao devido processo legal, onde haja a devida defesa, direito ao contraditório e advogado”.

“A senhora já pensou em dar ao doutor Armando o benefício da dúvida”, questiona Monteiro à reportagem da Caros Amigos. “Eu não digo que o doutor Armando foi um torturador, no máximo foi conivente com os fatos”, conclui o secretário de Segurança Pública.


Impunidade

A não punição dos torturadores é inaceitável para o presidente Paulo Abraão. “Nós lidamos na Comissão de Anistia com os relatos dos crimes que foram cometidos. O sentimento é de um acúmulo de injustiça histórica.” Desde 2001, a Comissão já apreciou 55 mil pedidos de reparação às vítimas da ditadura militar, 30 mil foram deferidos.

A sensação de impunidade e desdém em relação aos direitos humanos também pode ser identificada no Estado de São Paulo, onde ex-torturadores também atuam diretamente na área da segurança pública.
O torturador da Operação Bandeirantes (Oban) e do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOICodi) Aparecido Laertes Calandra, acaba de ter a aposentadoria publicada no Diário Oficial do dia 13 de março. Antes disso, em 1 de janeiro de 2010, foi promovido a delegado de 1ª classe.

O capitão Ubirajara, como era conhecido nos porões do regime, ganhou projeção quando o governador tucano Geraldo Alckmin o nomeou, em 2003, para a chefia do Departamento de Inteligência da Polícia Civil paulista, órgão responsável, por exemplo, pelo serviço de escutas telefônicas.

A contragosto Alckmin teve de recuar na decisão por pressão das entidades de direitos
humanos e de ex-presos políticos torturados pelo policial. Antes de revogar a nomeação,
Alckmin chegou a declarar, no entanto, que não via nada que desabonasse a  permanência de Calandra no cargo. O ex-torturador do DOI-Codi se aposentou na Unidade de Inteligência Policial do Departamento de Administração e Planejamento da Polícia Civil de São Paulo.

O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP) é uma de suas vítimas. Ele ficou preso por 90 dias no DOI-Codi paulista. “O Calandra era um dos torturadores mais ativos. Me colocou no pau de arara, deu choques elétricos, chutes… Era um cara super-agressivo, terrível, terrível. Era chefe de equipe.”
Diogo afirma ter receio da permanência de ex-torturadores em órgãos de segurança pública. “Vejo com muito medo. Esses caras são perigosos. Minha tese é de que o aparato repressivo não foi desmontado, está intacto. A tortura continua sendo um método consagrado para a obtenção de informações.”

Ele também passou por um constrangimento na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2007, quando exibiu o filme do cineasta Sérgio Rezende, Lamarca, que retrata a trajetória do comandante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e ex-capitão
do exército Carlos Lamarca. Segundo o deputado, vários militares da “velha guarda” compareceram ao evento e fizeram provocações.

“Tinha um grupo de coronéis que nos ameaçou, foi barra pesada. Perguntavam por que estávamos exibindo o filme ‘sobre aquele canalha traidor’. Criticaram as pessoas do PT que tinham sido presas, chamaram de terroristas…”

Ariston Lucena, filho do ativista da VPR, Antônio Raymundo de Lucena, estava na mesa de debates do evento e também sofreu provocações da plateia. “Fiquei espantado com o tom provocativo. Era gente ligada ao esquema da repressão. Me senti intimidado.” Ariston ficou preso por nove anos. Assim como o pai, ele também pertencia ao grupo político de Lamarca. “A ação de Quitaúna (expropriação das armas do Exército feita pelo capitão) foi planejada na casa dos meus pais”, revela.


Repressão

Carlos Alberto Augusto, o Carlinhos Metralha, é delegado plantonista do Departamento de Investigações do Crime Organizado do Deic. Nos anos 70, integrou a equipe do delegado-torturador Sérgio Paranhos Fleury, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

Hoje, é um dos protetores do Cabo Anselmo, militar que agia infiltrado em  organizações de esquerda durante a ditadura. Anselmo entregou a própria companheira, Soledad Barret, para a morte. A paraguaia estava grávida dele quando foi assassinada junto com vários militantes da VPR, em Recife, pelas forças da repressão, após terem sidos delatados por Anselmo.

Foi de Metralha também o convite espalhado pela internet, em maio do ano passado, para o comparecimento à missa de 30 anos da morte de Fleury, que aconteceu na zona oeste da capital paulista.

Mais discreto, mas não menos truculento, Dirceu Gravina ou JC, como era conhecido nos porões em alusão a Jesus Cristo (usava cabelos compridos na época), acabou descoberto depois de ter aparecido na mídia em função de um caso que sua delegacia estava investigando. Hoje, está lotado na sede do Departamento de Polícia do interior 8, em Presidente Prudente, região oeste do Estado. O delegado também foi promovido em 01 de janeiro de 2010.

Calandra, Gravina e Augusto foram procurados pela reportagem da Caros Amigos, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Os dois primeiros não quiseram se pronunciar, Augusto não foi localizado, porque estava de férias.

O Secretário da Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, também não se pronunciou sobre os três casos. A assessoria de imprensa da Secretaria informou que ele não falaria porque os policiais não ocupam cargos de chefia e a Lei de Anistia permite que eles permaneçam nas funções. A Delegacia Geral de Polícia de São Paulo, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que nenhum procedimento administrativo disciplinar culminou na aplicação para a pena de demissão dos delegados.

Para o jurista Hélio Bicudo, a Lei de Anistia tem sido interpretada de maneira oportunista para abranger vítimas e algozes. “Basta uma leitura com alguma atenção  para perceber que não é uma lei de duas mãos. A lei abrange apenas os adversários do regime, que foram punidos, cumpriram penas de vários anos. Agora é a vez dos torturadores.”

Segundo Bicudo, a tortura é crime contra a humanidade e, portanto, imprescritível. “Infelizmente, nossos tribunais têm falhado, os torturadores não cometeram crimes políticos. Dizem que a lei buscou a paz. Mas a paz sem justiça não existe. Enquanto não se fizer justiça, esse clamor vai continuar. Esse clamor passa pela punição dos torturadores”, frisa o jurista.

O procurador da República, Marlon Weichert, também considera inadmissível que torturadores exerçam funções públicas. O Ministério Público Federal de São Paulo move ação contra os agentes envolvidos na morte do operário Manoel Fiel Filho, assassinado sob tortura, em 1976, no DOI-Codi paulista.


Infiltração

O serviço de infiltração de agentes policiais em movimentos sociais continua a todo vapor. A prática é reconhecida, inclusive, pelo chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza. Ele afirmou em outubro do ano passado, que o MST é monitorado por agentes do órgão. A Abin é a herdeira do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de monitoramento da ditadura militar. Os arapongas que espionavam as lideranças consideradas subversivas pelo regime verde-oliva continuam abrigados na estrutura da nova agência de inteligência.

Recentemente a polícia prendeu três ativistas do MST em Santa Catarina em função desse tipo de infiltração. A ação militar foi preventiva, nenhuma propriedade havia sido ocupada, mas com base nos dados repassados pelos agentes prenderam esses militantes.

“O aparato de inteligência ainda é da época da ditadura militar, treinado pelos  americanos que vêem os movimentos sociais como inimigos internos”, critica o dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile.
Não é só o MST que é vigiado. A prática da espionagem política permeia as forças policiais, apesar de a ditadura militar ter terminado há mais de um quarto de século. O serviço reservado das polícias continua atuando para identificar as lideranças de movimentos sociais. Os P2, como são conhecidos os infiltrados da PM, acompanham até manifestações acadêmicas, que reivindicam a queda de reitor. Foi o que aconteceu na Fundação Santo André, faculdade do ABC paulista, em outubro de 2007.

“Além da infiltração de dois espiões no nosso movimento que queria derrubar o reitor Odair Bermelho, também sofremos a invasão da Tropa de Choque da PM duas vezes em um mês. Isso configura que o aparato repressivo herdado da ditadura militar está preservado”, afirma a professora e coordenadora do curso de Ciências Sociais da Fundação, Lívia Cotrim.

O sindicato dos Bancários de São Paulo também conhece de perto a prática de infiltração. Segundo o presidente da entidade, Luiz Cláudio Marcolino, os infiltrados são vistos em períodos de greve. “Geralmente andam em dupla, ficam na rua próximos às agências. Na Quadra não entram, porque controlamos o acesso exigindo apresentação do crachá.”

O Sindicato também teve acesso a uma informação inédita. O texto de um e-mail enviado pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) para seus dirigentes, convidava para uma reunião com a PM no dia 11 de setembro de 2009, na sede do Comando do Policiamento da Capital, localizado na rua Ribeiro de Lima, 140, na Luz. Na pauta, o planejamento de ações conjuntas diante dos movimentos grevistas em andamento no mês. Detalhe: o Sindicato dos Bancários ainda não havia deflagrado greve e estava na mesa de negociação com os dirigentes da Fenaban, o braço da Febraban para a negociação de acordos.

A assessoria de imprensa da PM confirmou que a reunião ocorreu. “Foi recebida da mesma forma que são recebidos diversos segmentos da sociedade”. A PM também confirmou que a Febraban solicitou um canal de comunicação especial, mas que a instituição negou.

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