“Não é que eu tenha total confiança de que os cientistas estão certos, é que tenho absoluta certeza de que os não-cientistas estão errados.”







____________________________________________________________________Isaac Asimov.













"A ignorância gera confiança com mais frequência do que o conhecimento: são aqueles que sabem pouco, e não aqueles que sabem muito, que tão positivamente afirmam que esse ou aquele problema jamais será resolvido pela ciência."



"Se o mistério da pobreza não for causado pelas leis da natureza, mas pelas nossas instituições, grande é o nosso delito. "





______________________________________________________________________________Charles Darwin.





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"Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós."





"Nós podemos comparar (a situação palestina) com o que aconteceu em Auschwitz."





"Mas então ninguém percebe que matar em nome de Deus é fazer de Deus um assassino?"





________________________________________________________________José Saramago.




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COSMOLÓGICA - A MATÉRIA HUMANA FORJADA NO CALOR DAS FORNALHAS ESTELARES DISTANTES!

Cosmológica

Sagan.


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"A História está repleta de pessoas que, como resultado do medo, ou por ignorância, ou por cobiça de poder, destruiram conhecimentos de imensurável valor que em verdade perteciam a todos nós. Nós não devemos deixar isso acontecer de novo."




_______________________________________________________________________________Carl Sagan.





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domingo, 28 de março de 2010

A Alegoria da Caverna


DIÁLOGO ENTRE SÓCRATES E GLAUCO.


- Imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência.
Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa das algemas; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, num lugar superior, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, ao estilo dos palcos de teatro de bonecos, para mostrarem as suas habilidades por cima deles.

- Estou vendo.


- Figura também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objetos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de maneira, de toda a espécie de trabalho; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.

- Que situação estranha a dessas pessoas de que falas, Sócrates.

- Semelhantes a nós, Glauco. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na parede oposta da caverna?

- Óbvio que não, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida.

- E os objetos transportados, não se passa o mesmo com eles?

- Sem dúvida.


- Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objetos reais, quando designavam o que viam?

- Acredito que sim.

- E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos passantes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?

- Certamente que sim!

- De qualquer modo, pessoas nessas condições pensariam que a realidade fosse a sombra dos objetos.


- Necessariamente, sim.


- Considera, agora, o que aconteceria se eles fossem soltos das algemas e curados de sua ignorância, e vê se, uma vez que retornassem à sua natureza, as coisas se passariam desse modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento iria impedi-lo de fixar os objetos cujas sombras via antes.

Que achas que ele diria,
se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas inúteis e ilusórias, mas que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando a eles cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objetos vistos antes eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?


- Muito mais!


- Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, seus olhos doeriam e retornaria para buscar refúgio junto dos objetos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?


-Com certeza.

-E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho difícil até acima, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que reclamasse por ser arrastado assim, e, depois à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objetos?

- Não poderia, de fato, pelo menos de repente.

- Necessitaria habituar-se, eu acho, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objetos, refletidas na água, e, por último, para os próprios objetos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.

- É mesmo...

- Finalmente, eu acho, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer lugar, mas a ele mesmo, no seu lugar.

- Necessariamente.

- Depois, já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam uma cópia imperfeita.

- Com certeza, ele chegaria a essas conclusões.

- E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que possuía lá, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele ficaria feliz com a mudança e acharia inferiores os outros?

- É claro que sim!

- Você acha que ele teria saudade da vida que levava junto deles lá embaixo, em meio a ilusões?

- Claro que não! Preferiria sofrer tudo a voltar a viver daquela maneira.

-Imagina ainda o seguinte. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos ofuscados pela escuridão, ao regressar subitamente da luz do Sol?

- Com certeza.

- E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado. Antes de adaptar seus olhos - e o tempo de se habituar não seria pouco -, acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara seus olhos, tendo a visão prejudicada, e que não valia a pena essa mudança? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até em cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam?

- Matariam, sem dúvida.

- Meu caro Glauco, este quadro que te ilustrei deve ser aplicado a tudo o que dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à luz e à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, verás que essa alegoria que fiz é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do que se pode conhecer é que se avista, com muita dificuldade e esforço, a idéia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de tudo que há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para que possamos ser sensatos na vida particular e pública.

- Concordo, até onde posso seguir a tua imagem.

(...)

- Temos então de pensar o seguinte sobre esta matéria, se é verdade o que dissemos: a educação não é o que alguns dizem que ela é. Dizem que conseguem introduzir ciência e conhecimento numa alma em que ela não existe, como se introduzissem a visão em olhos cegos.

- Dizem, realmente.

- A presente discussão indica a existência dessa faculdade na alma e de um órgão pelo qual aprende; como um olho que não fosse possível voltar da escuridão para a luz, senão juntamente com todo o corpo, do mesmo modo esse órgão deve ser desviado, juntamente com a alma toda, das coisas que se alteram, até ser capaz de suportar a contemplação do Ser e da parte mais brilhante do Ser. A isso chamamos o bem. Ou não?

- Sim, chamamos.

- A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer esse órgão voltar, não de o fazer obter a visão, pois já a tem, mas, uma vez que ele não está na posição correta e não olha para onde deve, dar-lhe os meios para isso.

- Acho que sim.

(...)

Platão: A República, Livro VII (514a - 518a)

{Obrigado Paulo Henrique!}
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